A obesidade é uma doença crônica complexa caracterizada pelo excesso de gordura corporal (adiposidade) com envolvimento de outros órgãos e sistemas, levando a complicações médicas a longo prazo e redução de expectativa de vida. O critério para diagnóstico da doença é ter Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m². Pode ser classificada em classe 1 (30–34,9), classe 2 (35–39,9) e classe 3 (≥ 40).
Nas últimas décadas, a prevalência da obesidade tem aumentado exponencialmente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a obesidade afetará 700 milhões de pessoas até 2025. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 6,7 milhões de pessoas convivem com a doença.
A obesidade é causada pela complexa interação de múltiplos fatores genéticos, metabólicos, clínicos (comorbidades e uso de medicamentos), comportamentais e ambientais. Uma melhor compreensão dos fundamentos biológicos desta doença demonstrou que o cérebro desempenha um papel central na homeostase energética por regulação da ingestão alimentar e do gasto energético.
A diminuição do peso com restrição de calorias e exercícios físicos leva a um balanço energético negativo, o qual desencadeia uma cascata de alterações metabólicas e mecanismos adaptativos que trabalham para recuperação do peso com aumento da ingesta de alimentos e redução do gasto energético basal.
A recuperação do peso é frequentemente atribuída à falta de motivação e de adesão dos pacientes que apresentam obesidade. A interpretação de que a perda sustentada de peso é apenas uma questão relacionada a escolhas e responsabilidades pessoais, não é apenas falsa, como contribui para o estigma da obesidade.
O estigma da obesidade – infelizmente muito comum nos setores de saúde e em toda a sociedade – está associado a piores resultados nos atendimentos ambulatoriais e hospitalares e contribui para um ciclo vicioso, gerando um aumento ainda maior de peso naqueles que apresentam maior sofrimento psíquico.
O tratamento clínico da obesidade deve ser individualizado, validando experiências pessoais e abordando as causas subjacentes. Mudanças de estilo de vida, incluindo uma dieta de melhor qualidade e com restrição de calorias e exercícios físicos são fundamentais para o controle e redução do peso e tem benefícios cardiovasculares e metabólicos.
Muitos pacientes podem necessitar de acompanhamento psicológico no tratamento de uma doença crônica, progressiva e recorrente, como é a obesidade. Os medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade têm indicações e contraindicações, além de esquemas específicos de progressão de doses. Não devem ser utilizados por conta própria.
A prescrição e o acompanhamento médico são essenciais para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.